domingo, março 15, 2009

Cozinha?

Uma mulher lava o carro enquanto Amy Winehouse toca no último volume

You Know I’m no good, gritam os auto-falantes e ela, vestido curto e cor-de-rosa, dança ensaboada

O homem vê da janela e critica absurdo e ridículo

Nem a mulher e nem o vestido rosa estariam preocupados

There will be no him no more

O carro, o vestido, as pernas e o sabão são só dela

A música, sinto muito moço, é só delas

sexta-feira, maio 09, 2008

Não é bem assim, mas anda parecendo (quarta grande mentira ?)

Elas nascem de rosa e aos sete anos são as chatas da pré-escola. Aos dez anos, elas são banidas do futebol, dos jogos de tazo e do "polícia e ladrão", muito embora elas nunca proibam ninguém de entrar na amarelinha.

Aos 12, elas têm que aprender a tolerar um elástico circundando o tórax.

Aos 15, elas procuram pares para a valsa, escondem a inabilidade para o romance e o gosto pela molecagem.

Aos 18, elas aprendem que a arte de ser mulher inclui responder com no máximo uma risada aos moços sujos dos ônibus e das construções da vida.

Aos 20, elas se apaixonam e descobrem - primeira grande mentira - que depender de um homem é inevitável. Mas tudo bem. É, além disso, necessário e bom.

Aos 24, elas descobrem não poder seguir planos: os anos das mulheres se conta diferente. Aos 29, elas partem ao entender que uma miniatura de vida precisa de mais mamadas do que o horário do almoço permite. Segunda grande mentira.

Aos 35, elas não toleram mais os terninhos que as separaram da pequena, agora maior e hiperativa, vida. Aos 40, elas não são mais as mesmas e enraivecem e choram sem motivo algumas vezes.

Aos 46, se tiverem sorte, elas serão felizes por terem uma casa com gente dentro e serão capazes de dar adeus aos terninhos.

Aos 55, elas precisarão de plástica, tinta de cabelo e chorarão por não saber fugir da morte.

Aos 65 - terceira grande mentira - elas serão solitárias e desejarão, talvez, a morte.


Com sorte, elas terão um ele na maior parte do caminho. É só isso que faz elas e eu continuarmos acreditando nas mentiras.

domingo, maio 04, 2008

Pensando bem...

Mais importante ainda: eles nunca me viram sorrir!

Eles

Eles não me conhecem.
Nunca me viram com raiva.
Nunca me viram chorar...

sexta-feira, maio 02, 2008

O determinismo, o náufrago e a ilha feliz

Descobrira que a felicidade e a liberdade eram atingíveis. E, mais que isso, eram tão fáceis. Se via desprendido, leve. Era como se tudo o que mais temera até agora na verdade não existisse. Uma vez liberto dos temores, isso bastou para que o supra-sumo das sensações tomasse conta de sua existência. Tão fácil! Tão fácil...

Hoje, entretanto, descobre que, quem sabe, não nasceu pra essa coisa de felicidade fácil. A terra de onde vem o náufrago o puxa de volta. Ele tem uma corrente. Uma âncora na terra que o fez. Aquela mesma terra que lhe ensinou os temores e onde ele aprendeu o medo, a insegurança, a hipocrisia e a culpa. Aquela mesma terra o puxa de volta.

Ele preferia continuar náufrago. Na ilha deserta ele não é solitário. Na terra que o criou, ele é.

A história não tem fim. Ele nasceu na tristeza. E, tomara deus, ele consegue fugir de casa antes dos 40.

domingo, março 30, 2008

(Un)like a rolling stone

Li uma entrevista com o Mick Jagger em que ele explicava que a letra de "Satisfaction" era, para ele, a essência do rock, da música e, no limite, da arte.

"Pra que é que você vai escrever uma música dizendo que tudo está perfeito? Quem vai ouvir isso?". Assim sendo, "I can't get no satisfaction" existe no refrão dos Stones e em tantos outros porque a necessidade de expressão estaria condicionada à insatisfação.

Mr. Jagger precisa escutar alguns poucos sambas, mas acho que ele tem razão.

Eu poderia encher muitas linhas com o resultado do passado só nessa última semana, mas o texto irritaria Mick Jagger, contrariaria "Satisfaction", o rock, a música e, no limite, a arte. Melhor ficar por aqui.

segunda-feira, março 24, 2008

Às moscas - essa jornalista se encheu de escrever

Devo eu criar vergonha na cara e parar de postar num blog que só serve mesmo pra mim?

Eu escrevo pra mim mesma... sentido algum!

Projeto a la resolução de ano novo tão cumprível quanto promessa de emagrecer: criar um novo endereço, com um nome que preste, textos que as pessoas de fato sejam capazes de entender e temas que vão além do meu umbigo.

Pensando bem... pra quê?

domingo, março 23, 2008

Vestido laranja de saia tulipa



Já escreveram bastante (talvez até demais) sobre isso, mas eu estou aqui ouvindo Amy Winehouse e pensando que eu não a acharia tão interessante se não pudesse tê-la visto em ação. Quer dizer, como se não bastasse ter baixado as músicas sem pagar nada, o que fez a diferença foi pensar "puxa, isso ficaria ótimo ao vivo" e daí poder ter uma casquinha on demand.

Lá vou eu me rendendo ao blablablá das novas tecnologias e, claro, aos jargões!