sábado, setembro 30, 2006

Do porquê não sou dublê

Até os dez anos, essa era a minha resposta à pergunta "o que você quer ser quando crescer?": dublê de cinema. Eu nem mesmo sabia o que isso queria dizer, mas se tinha cinema no meio deveria ser legal.

Mas as minhas historinhas de infância não interessam. Interessa que fazer uma pergunta dessas a uma criança é totalmente descabido por dois motivos: primeiro porque ela sempre responde algo idiota; segundo porque crescer não tem relação alguma com a vontade própria.

Crescer significa tomar constantes choques de realidade nua, significa apanhar para aprender coisas bobas, significa fazer e conseguir aquilo que se precisa, NUNCA aquilo que se quer.

Foi assim que eu cresci. Sou gente grande que não só mal sabe o que quer, como também nunca consegue buscar aquilo que acha que quer. E assim as minhas vontades vão ficando cada vez mais distantes. Perdi o controle sobre elas e sobre mim mesma.

Fazer o quê? Se é verdade que a esperança é a última que morre, quem sabe eu ainda acabo em hollywood?


Num mundo onde tudo era possível, pensei que tudo podia.

sábado, setembro 23, 2006

E ele sorria

Alucinada, eu aplaudia, gritava, sonhava, não sabia mais o que fazia, contemplava...ai, ai! E ele? Do alto de seus olhos azuis, sorria. Cantava e sorria, genialmente como os gênios fazem.

Sim, senhor, eu sou funcionária, ele é bailarino. Bailarino, não! Gênio!

Esperei dias, meses, talvez mais que isso (certamente, mais que isso) pra ver tudo passar correndinho em duas horas que mais pareceram dois segundos. Ainda assim, dois maravilhosos segundos. Segundos geniais.

Ora, Dayanne, deixe de ser estúpida! Será que você não tem nenhuma criticazinha pra fazer do show? Na Folha disseram que era estafante e pouco emocionante. Ah, quem sou eu pra criticar... O dia em que eu for gente suficiente pra achar qualquer defeitozinho em Chico Buarque de Hollanda, eu vou ser gente pra caramba!

Sim, eu estou falando de Chico Buarque. Fascinadíssima, eu não tenho mais como pensar em quaisquer outras composições porque elas não soam mais como música. O show, Carioca - 22 de setembro de 2006, vai demorar pra sair dessa cabecinha de gente insuficiente.

Ah, eu sou funcionária. Ele? Ele sorria.

terça-feira, setembro 19, 2006

Nada como um dia ruim pra movimentar um blog

Descobrir que seu maior ídolo-jornalista é na verdade um chato;
Dar sinal para um ônibus (vazio) que não pára;
Precisar dos serviços da balconista de uma empresa que você tinha mandado tomar naquele lugar;
Esperar mais de 20min pelo segundo ônibus;
Encontrar a velha da síndica do condomínio, comprimentá-la e ela não responder;
Passar o dia todo fazendo o relatótio de Teoria da Comunicação;

...

Mas vai tudo ficar bem. Amanhã é dia de cinema com o Carlos!

segunda-feira, setembro 18, 2006

Interlúdio

Poema de amor do fundo do mato virgem

Meu amor, queria dizer que eu gosto de você bem muito
Penso em mais nada não
Gosto de mais nada não
Tem mais não

Eu tinha outras coisas pra escrever aqui, mas uma das experiências de se escrever um blog diz respeito à vontade de escrever. E eu sempre penso em coisas legais quando eu tô à milhas de um computador!

Então, do auge de meu interlúdio (ou melhor, da pura falta de inspiração), reproduzo um poema de que eu gosto muito. Tudo bem, o poema é meu e eu não sou poetisa, mas isso é outra história...


Ah, sim, e Mario de Andrade é uma das minhas manias...

sexta-feira, setembro 15, 2006

Porra!

Dia do cão! Eu estou tão puta que nem tenho forças pra escrever....decreto que vou agora jogar fora toda tentativa que às vezes tenho de ser mais sutil, engraçada ou poética.

Eu estou puta e ponto.

Tudo por causa de um filho da puta de um instrutor de auto escola que me fez de motorista dele, tomou o horário da minha aula (pela qual eu pago) e ainda se viu no direito de me criticar.

O carro morreu mil vezes e eu peguei a guia. Tava puta. Estou puta. E ninguém aprende a dirigir nessas condições.

Eu odeio aquele cara e provavelmente vou ter trauma de trânsito pelo resto da vida por cauza dele.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Meu Reino por R$13,50

Exceto por hoje, eu não consigo me lembrar da última vez que eu comprei algo sozinha, pra mim.

Será que é porque eu nunca tinha feito isso antes? Será mesmo? Nunca tinha parado pra pensar. Mas que bebezão que eu sou!

A história é a seguinte: comprei um livro. História curta. Mas se tamanho fosse documento o elefante era o dono do circo (e eu a 2ª maior acionista).

Não, eu não tenho um circo, eu só comprei um livro. Um livro qualquer, só meu, só porque eu quis. O fato é que combinar o consumismo ao egoísmo é mesmo uma das melhores coisas da vida.

Eu nem tinha o dinheiro (os tais R$13,50 saíram da conta do almoço), mas por um momento daqueles, eu fico sem comer. Por uns cinco minutos, eu virei gente grande e me dei ao luxo de tirar algo da prateleira da livraria do shopping e realmente querer comprar. Detalhe: "querer"; e não "precisar".

E se querer é poder, adeus almoço!

Isso é idiotice pura. Qual a glória em gastar dinheiro de uma forma tão besta? Eu sei lá! Sei que eu nunca saio pra comprar nada além de brigadeiro e saber que se agora eu comprar um brigadeiro eu entro em falência me faz bem.

Finalmente o capitalismo faz sentido.

sexta-feira, setembro 08, 2006

E o sonho acabou

Ontem eu tive um dia esquisito. Duas coisas opostas me fizeram sentir coisas opostas e iguais ao mesmo tempo. Vamos às explicações.

À tarde, eu fui visitar a Folha de S. Paulo (no feriado, sim, porque um jornal nunca dorme). À noite, assisti a mais um filme marcante: Diários de Motocicleta (filme que ficou famoso pelos motivos errados e sobre o qual eu tinha certos preconceitos, mas que é maravilhoso).

À tarde, eu compartilhei da aparente apatia de meia dúzia de jornalistas que sequer faziam barulho numa redação de onde saem algumas das principais informações e opiniões do país. À noite, eu compartilhei da indignação de um único homem cujas importantes opiniões mudaram muito mais que um país.

À tarde e à noite, um único sentimento comum: o medo absurdo de querer tanto ser jornalista e me esquecer que o mundo é mais do que uma mesinha de escritório, um telefone e um computador.

Aqueles jornalistas, com uma frieza absurda pra decidir se o Tony Blair ia ou não ser manchete, me fizeram sentir aquilo que o filme me fez ressentir: o sonho acabou.

terça-feira, setembro 05, 2006

Movimento Pendular

Como eu sou boa aluna e sempre aplico tudo o que eu acabo de aprender... (até parece!)
Aristóteles, além de ser um cara super popular pelos blogs aí a fora, estabeleceu uma certa relatividade para a ética. Isso significa que as posições éticas oscilam conforme o momento e circunstância.
Sendo assim, eu não devo me sentir culpada. Ora, quando primeiro acho que está tudo ótimo do jeito que está, depois penso que o mundo é uma merda. Ora, quando sinto saudades dos meus amigos quando eles estão do meu lado e depois não sou gente suficiente pra me aproximar. Ora, quando primeiro acho que política é um cú e que é tudo a mesma bosta e depois quero ter consciência e votar como gente grande. Ora, fazendo tudo isso, minha consciência pesada diz: "não há nada de errado. Estás, Dayanne, sendo radicalmente aristotélica!".
O pequeno detalhe que eu deixo de lado é que Aristóteles também disse que fundamental à felicidade humana é o meio termo. Sendo assim, eu não posso ser radical e aristotélica, não na mesma frase.
De certo, eu não entendo nada de filosofia, mas duvido que qualquer um que entendesse pudesse me ajudar. Eu preciso é de um psiquiatra.
Bom, taí que movimento pendular não é mais só uma coisa difícil de física que eu errei na fuvest!