sexta-feira, maio 09, 2008

Não é bem assim, mas anda parecendo (quarta grande mentira ?)

Elas nascem de rosa e aos sete anos são as chatas da pré-escola. Aos dez anos, elas são banidas do futebol, dos jogos de tazo e do "polícia e ladrão", muito embora elas nunca proibam ninguém de entrar na amarelinha.

Aos 12, elas têm que aprender a tolerar um elástico circundando o tórax.

Aos 15, elas procuram pares para a valsa, escondem a inabilidade para o romance e o gosto pela molecagem.

Aos 18, elas aprendem que a arte de ser mulher inclui responder com no máximo uma risada aos moços sujos dos ônibus e das construções da vida.

Aos 20, elas se apaixonam e descobrem - primeira grande mentira - que depender de um homem é inevitável. Mas tudo bem. É, além disso, necessário e bom.

Aos 24, elas descobrem não poder seguir planos: os anos das mulheres se conta diferente. Aos 29, elas partem ao entender que uma miniatura de vida precisa de mais mamadas do que o horário do almoço permite. Segunda grande mentira.

Aos 35, elas não toleram mais os terninhos que as separaram da pequena, agora maior e hiperativa, vida. Aos 40, elas não são mais as mesmas e enraivecem e choram sem motivo algumas vezes.

Aos 46, se tiverem sorte, elas serão felizes por terem uma casa com gente dentro e serão capazes de dar adeus aos terninhos.

Aos 55, elas precisarão de plástica, tinta de cabelo e chorarão por não saber fugir da morte.

Aos 65 - terceira grande mentira - elas serão solitárias e desejarão, talvez, a morte.


Com sorte, elas terão um ele na maior parte do caminho. É só isso que faz elas e eu continuarmos acreditando nas mentiras.

domingo, maio 04, 2008

Pensando bem...

Mais importante ainda: eles nunca me viram sorrir!

Eles

Eles não me conhecem.
Nunca me viram com raiva.
Nunca me viram chorar...

sexta-feira, maio 02, 2008

O determinismo, o náufrago e a ilha feliz

Descobrira que a felicidade e a liberdade eram atingíveis. E, mais que isso, eram tão fáceis. Se via desprendido, leve. Era como se tudo o que mais temera até agora na verdade não existisse. Uma vez liberto dos temores, isso bastou para que o supra-sumo das sensações tomasse conta de sua existência. Tão fácil! Tão fácil...

Hoje, entretanto, descobre que, quem sabe, não nasceu pra essa coisa de felicidade fácil. A terra de onde vem o náufrago o puxa de volta. Ele tem uma corrente. Uma âncora na terra que o fez. Aquela mesma terra que lhe ensinou os temores e onde ele aprendeu o medo, a insegurança, a hipocrisia e a culpa. Aquela mesma terra o puxa de volta.

Ele preferia continuar náufrago. Na ilha deserta ele não é solitário. Na terra que o criou, ele é.

A história não tem fim. Ele nasceu na tristeza. E, tomara deus, ele consegue fugir de casa antes dos 40.