sábado, novembro 24, 2007

Como me fazer sorrir em 4 passos e 5 minutos

1 - Descubra que tem algo me incomodando quando nem eu sei o que é;

2 - Dê um jeito singelo e simples de me fazer perceber que tudo anda mais que bom;

3- Diga que vai se preocupar comigo;

4 - Mande um beijo forte

Simples assim? Poisé...

E, de repente, eu sou louca, instável, verborrágica e difícil de entender. Só espero que "chata" não entre nessa lista, já que até eu me irrito com esse jeito inexplicável às vezes.

Pra que é que eu escrevo isso? Talvez o mais certo seja perguntar para quem... Só tem mesmo uma pessoa que me lê aqui e eu nem sei se queria que ela lesse isso. Ora, me revelo incontrolável. Ai, o medo de que isso saia mal...

sexta-feira, novembro 16, 2007

Sete de Fevereiro

Abri a gaveta virtual de fotos. Encontrei uma dela, sorrindo ao meu lado. Droga, isso vai parecer uma declaração de amor lésbica, mas eu tô falando de uma amiga e só.

Maldição. Naquela época eu tava pensando em como retribuir tudo que ela me fazia. Pensava em presentes pro aniversário... Antes eu não tivesse adiado, não tivesse ficado a esperar o tal aniversário e tivesse dado o presente que queria dar. Porque agora provavelmente não haverá presente, porque provavelmente sequer saberei como desejar "feliz aniversário".

Esse texto está ficando horrível, mas não tem problema. Fazia tempo que eu não me sentia tão mal a ponto de precisar escrever um texto horrível... tava até com saudades.

Pior é que eu não sei o que me faz assim. É muito mais a possibilidade de não ter o "feliz aniversário" pra desejar que qualquer outra coisa que ela faça ou tenha feito. Medo gigantesco de que a foto com o sorriso nunca possa ser repetida...

E isso não é uma cobrança. Não quero sentir que a obrigo a sorrir. Só queria ter a impossível certeza de que um dia o tal sorriso voltará e será expontâneo.

Me digam se faço algo de errado!!! Basta dizer qualquer coisa e sou capaz de mover uma montanha pra fazer do jeito certo. Eu só quero a impossível certeza de que estaremos sorrindo juntas um dia desses...

domingo, outubro 21, 2007

A Mishelly está brincando

A Mishelly é negra. Ela não sabe. Ela tem 4 anos.

A Mishelly tem uma boneca. A boneca chama Jenifer. A Jenifer é negra. Ela não sabe.

A Mishelly veio visitar a prima. A prima sou eu. A prima podia ser negra. Ela não sabe.

A prima tem uma boneca. Essa boneca não tem nome. A sem-nome é loira e tem olhos azuis. Só a prima sabe.

A Mishelly brinca com a Jenifer e com a sem-nome. As três sorriem. Só a prima sabe.

- Mishelly, olha, ela tem o cabelo igual ao seu! - diz a tia apontando para a sem-nome e se referindo à forma como as duas, sem-nome e Mishelly, traziam o cabelo preso em "xuxinhas".

- Não tem não, tia! O meu é chocolate!

Sábia Mishelly.

O não-perguntado

"Você não vai escrever que mesmo não fazendo a pergunta, você conseguiu a resposta?"

Elementar, meu caro. A melhor das respostas.

Mas, sobretudo, é preciso dizer que não bastam as respostas e nem bastam as perguntas. E que nunca bastem! O mundo, principalmente o mundo de um jornalista, é movido por perguntas ainda não respondidas, não feitas e não formuladas até.

Que sempre existam perguntas não respondidas. Que sempre existam respostas não perguntadas. Do contrário, a vida não teria o mesmo (bom) sabor.

domingo, outubro 07, 2007

Se pensamento de repórter falasse...

-Hum... boa revelação... O que fazer?

"Continuar perguntando!", diz uma vozinha.

-Vozinha idiota... eu só consigo olhar pra baixo.

sábado, junho 23, 2007

Sem saber

Ela era bonita, mas modesta. Não sabia quão bela era e nem que todos a admiravam. E admirariam muito mais se ela fosse partidária das saias, decotes e saltos, mas ela sempre usava um par de jeans com blusinhas comportadas. Era das mais amáveis e inteligentes, mas a timidez fazia com que só uma ou duas amigas assim a reconhecessem. Não tinha namorado, nunca tivera e vivia achando que nunca teria.

Ele não era bonito, mas sabia quão bela e inteligente ela era. Mas ela não sabia que ele sabia, afinal, nem ela sabia. De um jeito ou de outro, eles eram bons amigos. Ela gostava de rir das piadas dele e ele gostava de contar piadas pra ela rir. Ele amava ela.

Ele cuidava dela como ninguém cuidara antes, mas só sabia cuidar de longe. De perto, ele só sabia piadas. Assim, ela nunca saberia do cuidado e do amor dele, só sabia da graça.

No dia 25 de novembro, ele se mudou pro Jaguaré e, três anos depois, ela se casou com o João.

sexta-feira, maio 25, 2007

Um moletom viajante e antijornalístico

Saindo da Cidade Universitária, entro num ônibus meio lotado e não consigo deixar de prestar àtenção num grupo de amigos em pé à minha frente. O grupo, de três personagens, falava dos cálculos de uma prova que teriam acabado de fazer. "Você sabia que era pra calcular o Delta S?", escuto de um.

Dentre os três, uma garota baixinha e magra me lembrou uma antiga amiga. Ela trazia um moletom branco com listras azuis nas mangas. Um dos rapazes trazia o mesmo moletom. Opa! Eles se abraçam e ele a beija na testa. São namorados. Namorados com moletons iguais. Que brega! Notei que o moletom tinha um escudo no peito e coisas escritas nas costas e decidi me empenhar a descobrir o que diziam.

Por algum motivo os três começam uma conversa sobre jornais. O rapaz sem namorada diz que achava inútil ler jornal:

- Pensa... Você nunca vai saber os fatos. Eles sempre vão te dar a versão deles dos fatos. É idiota você ficar lendo e saber só do que eles querem. É mais fácil você ver os fatos e ter uma opinião própria - disse ele, convicto de que pronunciava algo revolucionário.

- Ah, num sei, não... Você pode ler, tipo, a Folha e ler o Estado e saber os fatos - respondeu a garota enquanto colocava as mãos no bolso do moletom do namorado.

- Eles nunca falam os fatos - concluiu o solteiro, apocalipticamente.

Mais um beijo na testa e eles se calam. O assunto morreu. Eles continuaram falando amenidades do tipo "puxa, tá frio, hein?!" e eu me sentia mais gelada do que nunca. Uma cena dessas, com todas as suas representações simbólicas, siginifica muito mais do que qualquer tabela de números (exibida numa aula de Gerenciamento de Empresas Jornalísticas) que mostre que os jornais vendem menos a cada ano.

Apesar do desespero calado em que me meti, ainda continuei minha busca pelo que estaria escrito nos moletons. Antes que eu descesse, o garoto-com-namorada me virou as costas e de lá eu li "Politécnica, USP".

Yo lo vi.

segunda-feira, maio 21, 2007

Tarde de Domingo

Levantou rapidamente com a sensação de que estava atrasado. Olhou o relógio apavorado e viu que já passavam das 11 horas. Lembrou que era domingo e, mesmo sentindo certo alívio, não conseguia entender como pudera dormir tanto.

Toda a vida, o Sr. Sheppard fora daqueles que acordavam ao primeiro cantar do galo. Se orgulhava de dar duro, de trabalhar o dia todo, de ter uma vida regrada e saudável com as bênçãos de deus. Mas aquele domingo parecia trazer de novo um daqueles sentimentos de que algo faltava, de que todo o esforço e determinação de mais de meio século de vida não haviam sido, por fim, completos.

Olhou pela a janela para a casa dos Windsor e viu o pequeno Peter brincando com um peão. Ele e a Sra. Sheppard não podiam ter filhos e ele vivera todos os 34 anos daquele casamento entre a frustração e o dissimular de sua frustração em frente a mulher. Ela era fraca demais, pensava, e ele deveria ficar ao seu lado mesmo que ela não lhe pudesse satisfazer seu maior desejo.

Correu, então, os olhos para a mulher, que se dirigia a cozinha. A Sra. Sheppard trazia meias de lã que iam até o meio das canelas, um vestido largo, com estampas de flores roxas, e calçava chinelos de couro. Trazia os alvos cabelos presos por grampos dourados, e, no rosto, um par de óculos arredondados. Ele não reconhecia naquela senhora mal arrumada a mulher com quem casara.

- Ben, você falou com o Dr. Williams? Ele disse que viria aqui na semana que vem, mas eu acho que você deve falar com ele antes.
Benjamin Sheppard demorou a entender o que a mulher queria.
- Ben, você está me ouvindo? Prometa que vai fazer isso amanhã. E, depois, você podia aproveitar e avisar a Sra. Williams que eu tenho uma receita de frango ao curry que ela pode vir buscar. Ben?

Naquele momento, o Sr. Sheppard terminara de se vestir e seguia rumo a algum lugar que ele sequer sabia qual era. Cruzou as ruas vazias daquele início de tarde sem prestar atenção no caminho. Nem ele nem a mulher sabiam, mas aquela teria sido a última vez que se viram.

domingo, maio 06, 2007

Presença clínica

Quando ele apareceu, ela sorriu.
Quando ele sorriu, ela curou.

segunda-feira, abril 30, 2007

José não

José nasceu nos anos 80. Em 85, todo garotinho assistia ao TopoGigio. José não. Aos 10 anos, toda criança tinha um relógio de minichicletes. José não. Ele não queria, não gostava de chicletes pequenos, o grande tinha mais açucar e José era mais feliz assim.

Aos 12, todo menino tinha uma namoradinha. José não. Garotas falavam demais e davam trabalho. José era mais feliz assim. Aos 16, todo moleque usava camiseta de surfista. José não. Ué, ele não surfava! E José era mais feliz assim.

E os malditos anos 2000 chegaram. Todo homem assistia ao Jornal Nacional, tinha relógio de ouro, estava noivo e usava terno. José assistia ao Jornal Nacional, tinha relógio de ouro, estava noivo e usava terno. Todos e José agora eram a mesma coisa e gostavam das mesmas coisas. Ele não era feliz assim, mas continuava sendo assim. José virou adulto.

quarta-feira, abril 11, 2007

Decepção

Fui hoje ao McDonnald's. O tema pode parecer banal, mas a questão é que eu fui ao McDonnald's da Avenida Cidade Jardim. Continua achando banal? É que eu fui bem tratada no McDonnald's, muito bem tratada, excessivamente bem tratada, e isso é raro, e isso aconteceu no McDonnald's da Avenida Cidade Jardim.

Cheguei, pedi um milk shake de morango e um cheeseburguer. Decepção. "Esse sabor não faz mais parte do cardápio, senhora". Tiraram meu milk shake favorito do cardápio. Pérae! Mas isso não é a parte importante da frase. O cara que me atendia (provavelmente da mesma idade ou mais velho que eu) me chamou de "senhora". A Cidade Jardim é um outro mundo.

Pedi milk shake de coco e saí feliz com a minha bandeja, notando que eles tinham me dado dois saquinhos de guardanapo. Isso mesmo, dois. No mundo do McDonnald's tradicional, onde não te chamam de senhora e não sorriem tanto pra você, geralmente a gente ganha só um.

Ainda estupefata com os guardanapos, fui subir a escada e deixo o meu maravilhoso copo de milk shake de coco, que não era morango, cair no chão. Meleca. Tentei subir correndo pra ninguém me ver. A gerente da loja vem atrás de mim esbaforida. "Eu troco pra você, moça!"

Com o mesmo sorriso de McDonnald's da Cidade Jardim, me deu um novo copo de milk shake de coco, que não era morango, um copo cheinho.

Apreciei a iguaria feliz até que esse maldito espírito de jornalista me fez olhar em volta e parar de sorrir pro meu umbigo. O McDonnald's da Cidade Jardim é mesmo o outro mundo dos McDonnald's. Isso porque o mundo da Cidade Jardim é o mundo que não é de ninguém.

Em volta, o publico era o do outro mundo. Senhores engravatados deliciavam-se com seus hambúrgueres e sundaes, pediam pra repetir e o moço levava a sobremesa à mesa deles. Garçon no McDonnald's? Sim, no McDonnald's da Cidade Jardim, a Cidade dos Engravatados que comem dois sundaes por refeição.

Saí de lá pensando o que será que eu tinha feito pra ser tratada como uma deles. E, à porta, os funcionários sorriam.

domingo, abril 01, 2007

N e M

Ana era boa
Ana era sim
Mas Ana foi
Ana tem dor
Dor bem ali
Ali que dói
A n a A m a

segunda-feira, março 19, 2007

15 coisas (embaraçosas) sobre mim que (quase) ninguém sabe

1. Eu guardo o embrulho dos presentes que eu ganho pra poder usá-los nos presentes que eu dou;

2. Só tenho meias brancas e sem estampas;

3. Compro calças numa única loja, por que só ela vende calças com pernas compridas o suficiente;

4. Gosto de homens baixinhos;

5. O primeiro beijo veio muito, muuuito tarde;

6. Já tive uma verruga no suvaco. Atenção para a utilização do verbo no passado;

7. Como um pacote todo de Trakinas sozinha;

8. Brincava que existiam Pokémons de verdade. (Pra quem ainda lembra do desenho, o meu era a Ponita);

9. Uso chapinha e faço Escova Definitiva;

10. Bandeira é meu poeta favorito;

11. Johnny Depp, Helen Hunt, Natalie Portman e Woody Allen me fazem ir ao cinema seja qual for o filme;

12. Prefiro chocolate derretido a chocolate gelado;

13. Uso calçados masculinos;

14. Tenho um violão;

15. Faço listas de coisas que eu faço porque tenho vontade de parecer estranhamente ridícula e engraçada.

quarta-feira, março 07, 2007

How you doing?

- E aí? Vem sempre aqui?

- Oooooi!

- Tudo bom? Você num é aquela amiga da...?

- E aí? Como cê chama?

- Ah, bacana! Quantos anos?

- Huummm, bonita!

- Hehe, gostei de você, han!


Por que raios inventaram a cantada? Por que as coisas não podem ser naturais? Nenhum filme romântico começa com uma cantada. O príncipe encantado que tem um corcel branco não usa cantadas. O Hught Grant se apaixonou pela Julia Roberts depois de uma trombada, nenhuma cantada envolvida...

Ah, odeio a burocracia do amor!

quinta-feira, março 01, 2007

Back

Emoção define tudo e nada numa coisa só de forma tão brilhante que chega a ser confusa. A idéia inicial era fazer desse artigo uma resenha do show do Coldplay de 28 fev. Descobri que não posso fazer isso. Por quê? Ora, emoção.

Tietagem embasbacada e acrítica talvez fosse mais apropriado, mas eu prefiro emoção. Daí que a incapacidade de criticar (ou de olhar daquele jeito chato que todo jornalista sabe olhar) meus ídolos, me deixou sem tema para o artigo. Sem tema, não! Não há saída melhor que fazer daquilo que derruba a pauta, uma pauta.

Quando tudo parecia parado, eu surtei. Agora que tudo parece se mover mais rápido do que posso suportar, eu corro! Sentindo tudo ao mesmo tempo, tudo e nada, de uma forma tão confusa quanto esse texto.

Tantos que eu amo, tantos a amar, tantos admirados. Todos distantes.

Em suma, acho que tudo de que preciso é de um abraço. Eu sinto muito...

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Jormat2006

danem-se os direitos autorais

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Vida: prazer e sucesso

Estava sol e eu caminhava tranqüilamente. O vento batia forte, mas era agradável. Apareceu uma ladeira no meio do caminho e decidi que aquele era um momento pra aproveitar o que nunca faço. Pequenas são as coisas prazeirosas da vida e eu achei que descer a leve ladeira de olhos fechados com o sol e o vento no rosto seria uma dessas coisas.

Cada passo no escuro era uma pequena aventura para esse coração que vive trancado. As árvores ao redor traziam um aroma leve, aroma de parque, de verde com asfalto. O asfalto liso sob meus pés corria e ia ficando para trás.

Divina a sensação de se arriscar um pouquinho por um mínimo de prazer. De olhos abertos a sensação não seria a mesma. Adorável é arriscar cada passo da descida, o vento parece mais forte, o caminho menos comum, tudo é parte de uma ousadia mínima, porém pessoal e, em si, apaixonante.

A ladeira vai chegando ao fim. Faltam uns três passos. Botar na roda da sorte cada passo a frente é emocionante. O caminho é curto e arriscado, mas o prazer de cada passo é recompensador. Mais uma fração de metro e tudo terá chegado ao fim. O fim que não é tão bom quanto todo o resto, mas que o consagra. Sinto algo além do asfalto mal feito sob meus pés, uma saliência...

... pisei na merda.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Sobre tudo e nada

Muito mal. Eu ando com uma vontade absurda de chorar não sei por quê... Já disse isso mil vezes, mas quero minha vida de volta!

No último texto disse que precisava de um telefone, falar com pessoas, enfim... Acho que era mentira! Eu nunca tive a coragem necessária pra ligar pra alguém e dizer tudo o que sinto, nunca tive o espírito necessário à construção de uma paixão arrebatadora (e não me entendam mal, eu não falo só de romances).

Que eu esteja ocupada e preocupada com a estupidez maior e para além da minha! Que me preocupe com as idiotices que sempre idiotamente pensei que fariam a diferença, com as babaquices dos outros e dos homens e de tudo! Que volte a ser uma imbecil atarefada e feliz!

A felicidade é estúpida! E eu adoro a estupidez. Viva a burrice! O existencialismo é o fosso dos desocupados tristes. Viva a burrice colossal dos que não sabem a inutilidade do que fazem! Viva sua igualmente colossal alegria!

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Cara nova, vida velha

A mudança na aparência do site é uma tentativa de fazer tudo parecer mais sério. Tentativa. Minha mãe disse que a flor que anteriormente me servia de ilustração era feia. "Alguma-coisa fedida" era o nome dela, da flor.

A cara muda. E o conteúdo? É o mesmo? Por enquanto, nem conteúdo tenho.

Perguntaram a um artista que não mais produzia a razão de parar. "O Brasil não tem assunto", disse. O que não tinha assunto era a vida dele. No momento, a minha não tem. Logo, sinto que nada por mim será produzido. Nada sairá desse teclado, nenhum comentário, nenhuma piada, nada. Não enquanto a vida não tiver assunto.

Tirei férias da minha vida. O que agente faz quando a vida está de férias? Vive a dos outros, talvez. Acho que é isso que eu tenho feito. Capitulei frente à TV e a internet.

"As midias são uma porta para o mundo", já disseram milhões de vezes. Que mundo? O da tela de cristal líquido, no máximo. Tirei férias da minha vida. Vivo uma que não é minha, ou que já foi minha (é fácil se desacostumar de uma vida dessas).

Cansada de conversar por emails. Cansada de ter que reclamar pra tela do pc.

Aliás, ontem tive uma vontade enorme de ligar pra alguém e passar um tempo no telefone. Falar amenidades e de como anda minha anti-vida. Não consegui pensar em ninguém. Triste. Descobri que não construi relações de telefone. Nenhuma ao longo do breve fôlego que ousei chamar vida.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Sangrento

Alguns filmes sangram. Outros, não. Sim, filmes como "A Madrugada dos Mortos" definitivamente são sangrentos, mas não sangram.

Ruanda sangrou. E "Abril Sangrento" também. O filme é um relato bastante realístico dos acontecimentos de 1994, embora ainda imerso num "quê" de ficção que deixa tudo mais dramático, já que aproxima os espectadores da trama e do sangue.

Um massacre e uma pergunta: "dessa vez, quem são os bonzinhos?". É, no filme, um representante americano solta essa numa reunião dos cabeções da ONU. De fato, é matança de africano por africano. Apontaram e apontam-se milhões de responsáveis, mas esse é um assunto que me cansa. Até porque a África não chegou lá sozinha. E o que é pior: teve e terá que sair de lá sozinha.

Fiquei imaginando por que é que eu nunca saberia nada disso se não visse o filme e se não googleasse "Ruanda". Malditos colégios eurocentristas! Juvenal Habyarimana é tão impotante quanto Francisco Ferdinando (sobre quem também se diz pouco, é verdade). Bom, pelo menos a luta contra a absoluta falta de conhecimento tem o Google como aliado. Esperem! Eu disse "absoluta", porque ignorância (como a minha e sobre a África em geral) não se resolve em alguns cliques.